73 - Pé na Estrada


Saio de todos os caminhos, querem assim, meus pés nus e sózinhos.
No espelho onde me vi pela última vez, não reconheci o meu reflexo,
A aura escurecida ou apagada, cara pálida que não era mais a minha.
Pego então a estrada, se nada fui e, eu não sou mais nada, então desisto.



Não mais insisto com aqueles que não me entenderam, os solitários,
tão perdidos quanto eu estou, nessas estradas e encruzilhadas, o nada.
Caminho para poente, o sol ferindo o meu olhar, não quero mesmo enxergar,
pois, eu já vi demais tudo o que ficou para trás, e não tem mais como retornar.



Rudeza, tristeza e solidão, acompanham-me nesse caminho e o pó,
fere minha alma sem dó, caminho só nessa estrada que não é minha.
Caminham também os outros por outros rumos, estradas inversas, e eu,
sigo em reverso sem prumo nesse caminho, deserto árido que morreu.



Sombras sobre minha cabeça anunciam o fim, são as aves negras visionárias,
grasnando os agouros em meus ouvidos, que eu já sabia, mas não queria ouvir.
Assim, andarei por esta estrada pelo tempo que me for concedido, necessário,
se eu cansar de repente, deito-me nesse solo quente, aí dormirei para sempre.

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